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Quando a noite chega na rua,
Vem e cobre a fagulha que resta
Do engano do dia chamado lucidez
E aparecem as coisas profanas
Na luz do poste alumia-se a festa
Das libélulas voando tontas
E à noite, nada foge do registro
Do macabro, irreal
E o que é real, dirão filósofos
E é noite ou é dia?
Ou sonho?
Estranho estranhar
As próprias entranhas
Sem saber a diferença
Do cão bestial, da moita,
Ou saco de lixo
E o sonho continua se acordado,
Entorpecido no real,
Que esquece o que deveria de ser,
O de tanto nos gabarmos,
Racional
Se acorda sonhando
Estando onde se queria estar
Longe da noite estranha,
Perto do amor não desgastado
Num outro tempo e lugar
Espere se puder, diz virá.
A promessa há de cumprir
Sua sina o que é que há?
Sem a bússola o barco não se acha
No meio do oceano me encontro
Sem terra à vista,
Sem você.
Por Fernando Fantin Vono
Originalmente em:
http://resistenciacotidiana.blogspot.com/2010/12/o-meio-da-viagem-e-duvida-do-real.html